terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Desaprende a te maravilhar tanto com o que é humano" (Tântalo. Sófocles)

Com esta epígrafe externo meu último desalento com o que chamam de "debate", máxime em se tratando de temas ditos "polêmicos", termo este que encobre - em sua maioria - temas cujo conteúdo é torpe, hediondo, repugnante... e impossível a um ser humano de uso mínimo de suas faculdades mentais em são estado não os descobrir na antípoda da verdade. Neste sentido - da verdade -, que já não faz mais sentido em "debates", é que mais se torna improfícua qualquer "participação" nos chamados "debates", verdadeiros berros de uma nota só, de um termo só, mas de um estupro continuado da inteligência humana, da consciência moral, da boa lógica. Ah... esta também, já alijada há tempos - por coerência, claro - desses "debates". Portanto, os tais "debates" têm se mostrado como continuadas tentativas de forçar a quem - por sanidade - não consegue engolir, mesmo sob eufemismo, os chamados "temas polêmicos". Para ilustrar o que quero dizer, do que se vivencia há bom tempo, transcrevo - em desabafo - as palavras abaixo
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Debate pré-moldado
Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 29 de março de 2007

“Moldar o debate” é a técnica usada por grupos de interesse para impedir que as discussões públicas apreendam a substância dos problemas e canalizá-las numa direção forçada, postiça, previamente calculada para servir aos objetivos do grupo.
Nos anos 70, essa técnica tirou os EUA do Vietnã, deixando o caminho livre para que os comunistas assassinassem três milhões de civis ali e no vizinho Camboja. O truque foi desviar a discussão do problema central -- a ameaça vietcongue – e concentrá-la no estereótipo da “paz”. A paz acabou matando quatro vezes mais gente do que a guerra, mas quem liga para isso?
Pelos mesmos meios foi liberado o aborto, escamoteando a questão essencial – o que é e como se faz um aborto – e fixando o debate na “liberdade de escolha”. Com ajuda de estatísticas falsas (o número de mulheres mortas em abortos ilegais nos EUA foi artificialmente esticado de 250 para dez mil por ano), a militância abortista dessensibilizou a opinião pública para o fato de que se tratava de matar, por meios inconcebivelmente cruéis e dolorosos, milhões de crianças aptas a sobreviver fora do ventre de suas mães a partir do quinto mês de gestação.
Uma nova fraude em massa está em vias de se consumar, agora no Brasil, pelo uso do mesmo engodo. O movimento gay planeja tornar o homossexualismo, por lei, a única conduta humana superior a críticas. É a pretensão mais arrogante e ditatorial que algum grupo social já acalentou desde o tempo em que os imperadores romanos se autonomearam deuses. Aprovada a PL 5003/2001, os brasileiros poderão falar mal de tudo – dos políticos, dos vizinhos, do capitalismo, da religião, de Deus, do diabo. Mas, se disserem uma palavra contra aquilo de que os homossexuais gostam, irão para a cadeia.
Esse é o sentido da lei, essa é a substância da proposta. Mas é proibido discuti-la. É obrigatório ater-se à escolha estereotipada entre “homofobia” e “anti-homofobia”. Homofobia, a rigor, é um sintoma psiquiátrico raríssimo. Quantas pessoas você conhece que têm horror aos homossexuais ao ponto de querer surrá-los ou matá-los pelo simples fato de serem homossexuais? Fazer da “homofobia” o centro do debate é obrigar todo mundo a chamar por esse nome pelo menos três coisas que não têm nada a ver com homofobia: a repulsa espontânea que a idéia de relações com pessoas do mesmo sexo inspira a muitos heterossexuais, repulsa que não implica nenhuma hostilidade ao homossexual enquanto pessoa e aliás é análoga à que tantos homossexuais têm pelo intercurso hetero, sem que ninguém os chame de “heterofóbicos” por isso; as objeções religiosas ao homossexualismo, que vêm junto com a proibição expressa de odiar os homossexuais; e a oposição política às ambições do grupo gay , tal como exemplificada neste mesmo artigo. Reunir tudo isso sob o nome de “homofobia” já é criminalizar a priori qualquer resistência ao desejo de poder da militância homossexualista, já é impor a lei antes de aprovada, manietando o debate por meio da intimidação e da chantagem. É embuste consciente e premeditado. A mídia nacional quase inteira é culpada disso.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/070329jb.html
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Faço minhas as palavras supras com toda atualidade que elas - infelizmente - podem ter e têm!
QSS