sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A uma Excelência
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 28 de agosto de 2009
Desafio Vossa Excelência (refiro-me à excelência do seu cargo, pois na sua pessoa não vejo excelência nenhuma) a provar que estou mentindo:
A tortura é crime hediondo, com o atenuante de, no Brasil, ter sido praticada seletivamente contra terroristas assassinos. O terrorismo também é crime hediondo, com o agravante de ter sido praticado contra populares inocentes.
Os crimes de tortura, reais e supostos, já renderam às suas vítimas alguns bilhões de reais em indenizações, enquanto as vítimas do terrorismo não receberam nem mesmo um pedido de desculpas. São tratadas como uma escória desprezível, culpadas de terem se atravessado, por bobeira, no caminho do carro da História, então carregadinho de trastes como Vossa (humpf!) Excelência.
O governo representado por Vossa (repito a ressalva) Excelência tem dado apoio ao regime cubano, que, numa população muito menor que a brasileira, torturou e matou e continua torturando e matando aproximadamente cinqüenta vezes mais pessoas do que a ditadura brasileira. Vossa (argh!) Excelência é portanto pelo menos tão culpado de cumplicidade moral com a tortura quanto aqueles a quem acusa.
O governo que Vossa (com o perdão da palavra) Excelência representa dá apoio ao regime da Coréia do Norte, que neste mesmo momento tem duzentos mil prisioneiros políticos encarcerados – nenhum terrorista entre eles, só civis desarmados –, submetidos não só a torturas e maus tratos infinitamente piores do que aqueles infligidos aos terroristas brasileiros, mas também a trabalhos forçados, dos quais os bandidos amados de Vossa (?) Excelência foram totalmente poupados pela ditadura. Não venha me dizer que apoio a regimes torturadores não é cumplicidade com a tortura.
Diretamente e/ou através dessa central do crime que é o Foro de São Paulo, o governo que Vossa (como direi?) Excelência representa dá integral apoio político às Farc, que neste preciso momento mantêm em cativeiro, sob condições desumanas e – é claro – sem acusação formal ou julgamento, aproximadamente sete mil seqüestrados. Tudo o que o seu governo quer para as Farc é premiá-las não só com a anistia geral e irrestrita, mas com a elevação delas à condição de partido político legal, a prova mais patente de que o crime compensa.
Apoiando as Farc, seu governo é ainda cúmplice da morte de dezenas de milhares de brasileiros sacrificados anualmente pelo narcotráfico colombiano, diretamente ou através de seus agentes locais, os celerados do PCC. O governo representado por Vossa (porca miséria!) Excelência não é cúmplice só de tortura, mas de homicídio em massa. Comparado a vocês, o famigerado delegado Fleury era um amador, um principiante. O Champinha, então, nem se fala.
Vossa (ora, bolas!) Excelência carrega a culpa moral de mil vezes mais crimes do que aqueles a quem acusa e quer punir.
Vossa (isto cansa!) Excelência não tem a mais mínima autoridade moral para acusar torturadores, assassinos, narcotraficantes ou quem quer que seja. Vossa (pela última vez) Excelência tem mais é de ir para casa e esconder a vergonha sem fim da sua vida inútil, destrutiva, toda feita de fingimento, hipocrisia e engodo.
http://goo.gl/JEEsn 
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sábado, 29 de outubro de 2011

Disque-denúncia abre as portas para a repressão a tudo o que “ofende” os amantes do sexo anal e perversões semelhantes.
Está em plena atividade o telefone estatal especial criado para que praticantes do homossexualismo possam denunciar cidadãos do Brasil.
De acordo com o jornal Diário do Comércio, “O serviço Disque Direitos Humanos (Disque 100) recebeu 856 denúncias de casos de homofobia no Brasil entre janeiro e setembro deste ano. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), as ligações totalizaram 2.432 violações aos direitos dos homossexuais, como violência e atendimento inadequado em delegacias, entre outros. O Estado de São Paulo lidera o ranking com 134 telefonemas sobre homofobia…”
O estado de São Paulo, onde foi aprovada uma lei anti-“homofobia” pelo PSDB em 2001, está na vanguarda de medidas políticas gayzistas. O PSDB está construindo no seu quintal paulistano todo um aparelho de repressão a favor da agenda gay. O Ministério Público Federal de São Paulo é o instrumento predileto dos ativistas gays. Embora com sede em Curitiba, no Paraná, a ABGLT, a maior entidade gay recebedora de verbas governamentais, só faz uso do MPF de São Paulo para reprimir os opositores, tendo inclusive já feito nesse MPF queixa contra o autor deste blog.
O Diário do Comércio não deu exemplo dos tipos de queixas que estão sendo feitas ao disque-denúncia, mas já expus o famoso caso de um jovem paulistano bêbado que foi multado em quase 15 mil reais apenas por ter chamado de “veado” um praticante do homossexualismo. De acordo com a lei anti-“homofobia” do Estado de São Paulo, a multa de 14.880 reais foi necessária porque a palavra “veado” provocou no homossexual declarado “constrangimento de ordem moral, em razão da sua orientação sexual, na modalidade de vexame, humilhação, aborrecimento e desconforto”.
Evidentemente, essa repressão não vale quando homossexuais provocam nas outras pessoas “constrangimento de ordem moral na modalidade de vexame, humilhação, aborrecimento e desconforto”, exibindo obscenidades publicamente na frente de famílias com suas crianças.
Na verdade, eles podem fazer isso e muito mais. Quando um homossexual pode se apresentar desrespeitosamente só de calcinha na frente dos deputados sem maiores consequências, é sinal de que, mesmo não tendo sido aprovada, a lei do privilégio já é realidade.
O disque-denúncia não foi criado para pessoas ofendidas pelos atos homossexuais. Foi criado apenas para que os homossexuais tenham as ferramentas certas para reprimir os que se sentem ofendidos com as obscenidades gays e com a infame agenda gay.
Essa paranoia tem a marca registrada do PT.
O disque denúncia foi lançado no ano passado por Maria do Rosário, a radical militante do PT que tem a pretensão ideológica de transformar em crime a autoridade dos pais de disciplinar os filhos fisicamente por desobediência. Os pais cristãos, que atendem diretamente ao mandamento bíblico de uso da vara em situações de rebeldia dos filhos, serão classificados como “criminosos”, se os planos de Rosário avançarem.
Como toda boa petista, Rosário não abre mão do aborto provocado como direito reprodutivo da mulher. Dê uma varada ou chinelada de correção em seu filho, e Rosário diz que sua atitude é crime. Mate seu filho antes de nascer, e Rosário dirá que esse assassinato é um sagrado direito reprodutivo de toda mulher.
O sonho dela é livrar as crianças do Brasil da “violência” da disciplina física dos pais e entregá-las às maravilhas do aprendizado estatal do sexo anal nas escolas.
Ela quer mudanças no ECA — em parceria com a ABGLT, que também quer “melhorias” no ECA —, para que as crianças sejam “protegidas” da autoridade corretiva dos pais. Os pais não podem se aproximar dos próprios filhos para discipliná-los, mas há total liberdade, com proteção governamental, para que crianças sejam levadas ao sexo anal através de porcas aulas de educação sexual.
Essa é a paranoia do PT: prisão para pais que exercem seu direito de usar a vara corretiva em seus filhos, e proteção e liberdade para mães que matam seus bebês antes de nascer ou para autoridades educacionais depravadas que treinam crianças para o sexo anal.
O que o Brasil precisa urgentemente é de um disque-denúncia de crimes homossexuais contra crianças. Milhares de meninos são vítimas de estupradores homossexuais no Brasil, mas o governo, em sua paranoia, dá proteção aos predadores, não às suas vítimas.
Qualquer autoridade governamental que esteja determinada a destruir a autoridade corretiva dos pais na vida dos filhos, dando em troca o “direito” e a “liberdade” de matar os filhos antes de nascer ou dando em troca aulas de sexo anal para crianças, precisa de uma camisa de força.
Os ativistas homossexuais recebem rios de dinheiro para elaborar materiais para doutrinar os filhos dos outros nas escolas, e não temos nenhum disque-denúncia para nos ajudar a denunciar esse crime.
O governo federal gasta milhões em políticas, eventos e leis para expandir a agenda gay na sociedade e nas escolas, e não temos nenhum disque-denúncia para denunciar esse vergonhoso investimento na sodomia.
Milhares de meninos são estuprados por homossexuais por ano, e não temos nenhum disque-denúncia para nos ajudar a cobrar do governo uma campanha ampla contra os predadores homossexuais. Pelo contrário, já denunciei várias defesas homossexuais à pedofilia, e o Ministério Público Federal e o próprio governo federal nem bocejam.
Luiz Mott, o maior líder homossexual do Brasil, vem há anos sinalizando preferências claramente pedófilas, especialmente quando apresentou publicamente um museu erótico alisando a estátua de um bebê pelado.
Contudo, em vez de ser enquadrado criminalmente, ele é alvo de condecorações e adulações governamentais. Ele aplaudiu quando a ABGLT, a maior organização gayzista do Brasil, se queixou de mim ao Ministério Público Federal.
Mas se nos queixarmos dos abusos que a agenda gay e seus cúmplices governamentais estão cometendo contra nós e nossos filhos, os militantes homossexuais “ofendidos” podem nos denunciar pelo disque-denúncia criado especialmente para os amantes do sexo anal e perversões semelhantes.
Se permitirmos que as denúncias estúpidas deles neutralizem nossa capacidade de reação e defesa de nossas famílias, a opressão deles contra nossos filhos passará de mera doutrinação homossexual nas escolas para alisamento físico e muito mais.
Nessa altura, se nada fizermos, poderemos ser denunciados e criminalizados se não entregarmos nossos filhos aos tarados de Sodoma.
http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/12527-gaystapo-verde-amarelo.html
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pouco importa qual área do conhecimento ou dimensão da vida humana. Psicologia, educação, saúde, economia ou direito. Está cada vez mais claro: todas as campanhas da esquerda têm um fim comum: bestializar o ser humano.
Prezados leitores,
As diversas manifestações que hoje percebemos no mundo nos permitem traçar, a esta altura dos fatos, um paralelo demonstrativo entre os valores consagrados pela tradição judaico-cristã, formadora da civilização ocidental, e tudo aquilo que se situa em volta do que vou chamar aqui simplesmente de socialismo.
Para a compreensão deste texto, necessário se torna ao leitor não iniciado compreender o socialismo como essencialmente uma cultura de negação. Isto se dá porque, embora reivindique a formação de um corpo doutrinal fundamental, a utilização de estratégias de aliciação e de destruição psicológica das nações ocidentais se vale de um número infindo e não poucas vezes francamente contraditório de conceitos e ideias, que acabam se fundindo num amálgama irreconhecível, daí a dificuldade dos cidadãos, mesmo os que se dizem mais letrados, de reconhecer as suas origens e os seus propósitos.
De uma forma geral que baste ao entendimento, valemo-nos da obra do dissidente soviético Anatoli Golytsin, que com sua obra "New Lies for Old" ("Novas Mentiras Velhas") já anteviu com pelo menos duas décadas de antecedência o aparecimento das milhares de ONG’s e movimentos ditos sociais, como fruto da inserção de agentes de informação e desinformação soviéticos nas instituições públicas e privadas das democracias capitalistas, com o fim de esmaecer os valores morais das populações e tomá-las por dentro para então dirigir o comportamento dos indivíduos segundo a vontade do partido comunista. 
Tendo já alcançado significativa penetração nos meios de comunicação, nas escolas, nas igrejas e na máquina pública, o que este texto pretende é nada mais do que evidenciá-las, deixando ao leitor o encargo de formular as suas próprias convicções. 
Na magistral minissérie Roma, criada e exibida pela rede HBO - e disponível nas locadoras -  o telespectador é transportado com a maior fidedignidade possível à Antiguidade, para vivenciar quase que ao vivo a violência, as atrocidades e as iniquidades que não somente aconteciam, mas eram respeitadas como condutas moralmente esperáveis. Um dos fatos mais cômicos de que me lembro é o da aristocrata Atia, ao presentear Servillia com um escravo sexual bem-dotado, tendo inclusive o cuidado caprichoso de enfeitá-lo com laços e outros apliques. Cômico, claro, para mim, que assistia pela no conforto de meu lar, no século XXI.  No entanto, no mesmo seriado se conta a história de um judeu que trabalhava como capo de Servillia, executando os serviços sujos de matar e torturar os desafetos dela, até que um dia ele se rebela contra a vida que leva e proclama: "eu não sou um animal!"
A religião cristã nos convida à busca da elevação espiritual. O diabo, muito propriamente descrito como a Besta, encarna as tendências animalescas do ser humano, que para elevar-se espiritualmente, deve esforçar-se por livrar-se delas. 
Quando alguém diz: “adoro sorvete de chocolate, mas não vou comê-lo, porque preciso estar em forma”, dá uma demonstração de superioridade de sua alma sobre o seu corpo. Age dominando o seu impulso instintivo de gula. 
O exemplo acima é de fácil compreensão e larga aceitação porque atualmente está em voga um culto à boa forma. Na verdade, todavia, muitos que se submetem à disciplina alimentar têm em mente entregarem-se a outros tipos de vícios, como a vaidade e a sensualidade. Não que uma dose sensata dos cuidados com a aparência e o gozo do prazer responsável sejam em si pecados. Não são, exceto como no caso mesmo daqueles que se entregam desmedidamente aos prazeres do garfo ou do copo. 
No campo da Psicologia, correntes nascidas como fruto do movimento revolucionário têm defendido que o ser humano deve extravasar o que sente e agir segundo a sua natureza, exatamente o oposto da doutrina judaico-cristã, que defende a moderação e diz que o ser humano deve elevar-se acima de sua condição natural. O Cristianismo diz: "você não tem o direito de bater em alguém com base na alegação de que você é assim mesmo, que nasceu assim, e que esta é a sua natureza. Pelo contrário, você deve dominar os seus impulsos, por meio da oração, do treinamento e da disciplina". Já aqueles psicólogos modernistas diziam "grite, extravase, quebre um vaso, chute a porta - depois disso você vai se sentir mais feliz". O fato é que atualmente tal escola parece estar em franca decadência entre os especialistas deste ramo, embora tenha produzido grande prejuízo a um número incontável de vidas. Mesmo assim, nos filmes e nas novelas ainda tal mote é apregoado com franca hegemonia "faça o que seu coração mandar! Obedeça aos seus desejos!"
No campo da Psiquiatria, movimentos da mesma origem deram início a uma grande campanha contra as instituições de internações de pessoas com problemas mentais. Recordo-me muito bem do momento de sua deflagração, quando até mesmo reportagens jornalísticas, novelas e seriados foram produzidos para difamar os manicômios dos quais um dos mais famosos era o Instituto Philippe Pinel. O grande mote era o de que pessoas com problemas mentais deveriam ser tratadas no seio do lar, sob o amparo amoroso dos familiares. Ninguém se preocupou com o fato de que havia doentes sem família ou que havia doentes do sexo masculinos fortes e violentos que acabavam matando velhinhas e crianças. O que importava é que deviam ser soltos. 
A revolução socialista inaugurou o movimento de libertação sexual. A pílula anticoncepcional carrega até hoje, nas costas, coitada, o encargo de ter sido a responsável pelo sexo livre, desimpedido, comunal, orgiástico, mas a verdade está no fato de que o conceito tradicional de família deveria, na visão revolucioária, desconstruído, e nada como o amor livre como ponto de partida. Vale dizer o quanto os nomes mais ilustres das esquerdas, dentre filósofos, políticos e artistas foram adeptos sôfregos de surubas que fariam César babar de inveja. 
Para quem não sabe, o  Ministério do Trabalho mantém em seu site uma página com um roteiro passo a passo para quem quiser seguir a profissão de prostituta. O objetivo é conscientizar as profissionais do sexo para a sua importância como classe trabalhadora e regulamentar a profissão, com direito ao uso do SUS e da carteira assinada.
Então sobreveio o movimento gayzista: declarando a existência da homoafetividade como emulação da relação natural entre homem e mulher, reivindicaram o respeito que se atribui ao casamento heterossexual. Era o tempo em que se usava a sigla GLS. Depois, novas formas de sexualidade foram se apresentando, não necessariamente decorrentes do sentimento chamado de amor, mas cada uma reclamando seu lugar no mundo como condição de cidadania, e a sigla foi crescendo: GLBT, GLBTT, até que eu perdi a conta e a cunhei de vez como "GLBTSTUVXZ"! Nao por coincidência,  não há muito tempo, na Austrália, o movimento gayzista de lá tentou fazer uma lei que aprovasse o reconhecimento de 23 categorias diferentes de sexualidade! Eu nem sequer conseguiria imaginar tantas variações: fiquei comigo confabulando... terá entre elas os “postessexuais” (sexo com postes de iluminação) ou os abajursexuais (sexo com abajures, arandelas e outros tipos de luminárias)? 
Atualmente, tendo o movimento gayzista praticamente dominado a opinião pública - pelo menos tem o poder de controlar os meios de comunicação e as classes intelectuais políticas  - o que dá no mesmo, surge uma nova etapa: a apologia da pedofilia, recentemente apresentada em congressos nos EUA por ditos especialistas, que com palavras doces buscam legitimar a curra de meninos. 
Além disso, também surge a desnaturalização sexual das crianças: em vários países já começam a ser adotadas medidas para retirar das crianças a identidade sexual natural. Por exemplo, ao invés de "pais", a certidão de nascimento passa a constar como "filiação". A senadora Mata Suplicy mantém um projeto deste teor para o Brasil.
Vamos agora para o campo econômico: toda a tradição judaico-cristã aponta para o comedimento, para a previdência e para o reconhecimento da relativa raridade dos recursos materiais como ponto de partida para o estabelecimento das bases da ciência econômica, mas as teorias revolucionárias, com ênfase no keynesianismo, delcaram justamente o contrário, isto é, que quanto mais os governos gastarem, melhor será para o progresso geral da sociedade. De tanto terem levado a sério tal nonsense que qualquer pai e mãe de família instintivamente percebem como falso, os governos chegaram ao cúmulo de revogar o ouro e começaram a enfiar goela abaixo das pessoas umas tiras de papel pintado, facilmente imprimíveis, como meio de troca compulsoriamente legal, e a dar aos bancos o poder de emprestar quantidades praticamente ilimitadas de dinheiro, mesmo sem ativos suficientes.
Na área da educação, teve lugar a revolução freiriana, aquela que iguala o professor ao aluno e que inocula a doutrina da “luta de classes” até mesmo em disciplinas como Física e Matemática. O resultado disso está na pior classificação mundial para o estudante brasileiro, que majoritariamente se forma nas faculdades sem saber ler e interpretar um texto e realizar as quatro operações, mas que já pode se orgulhar de ter algumas vezes chutado o traseiro de seus professores, estuprado algumas coleguinhas e fumado uns "tapas". O cume da montanha já foi alcançado, por recente campanha defendida pelo Ministério da Educação que ensina que o certo é escrever errado.
O que dizer então das drogas? Basta verificar como o governo intensifica o combate ao fumo comum e incentiva ao uso das drogas mais pesadas, chegando ao ponto mesmo de reconhecer a legitimidade da marcha pela legalização da maconha, com o garoto-propaganda Fernando Henrique Cardoso à frente, e de distribuir gratuitamente seringas e cachimbos para usuários de cocaína e de crack, sob pretexto de fazer uso de uma "política de redução de danos".
Liberação sexual total, não só despida de qualquer compromisso e responsabilidade como até mesmo persecutória a quem os defenda; entrega às drogas, sem limites; desrespeito a toda autoridade constituída e à elite da sociedade; gastança desenfreada; extravasamento da natureza de cada um; analfabetismo útil. Vamos resumir: todas as propostas da esquerda, do socialismo, da social-democraica, do comunismo ou do progressismo, como se queira denominar esta corrente de pensamento, ou melhor, de anti-pensamento, pregam a mais completa e absoluta animalização do ser humano, em todas as esferas da vida. Deu pra perceber ou ainda não está claro? Como disse Jesus, são pelos frutos que se reconhece a árvore.
Talvez agora se torne mais compreensível entender a passagem na qual está escrito que Jesus liberta. Mas então, você vai dizer: o que pretendem, então, com isto? Basta olhar para o cavalo? Por que ele puxa a carroça? É porque ele não sabe...





http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/12508-a-civilizacao-crista-e-o-socialismo.html
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Guerrilha comunista no Brasil

A guerrilha comunista teve início em 1961 no Brasil - e não após 1964, como propaga a esquerda mentirosa -, quando o presidente João Goulart ocultou e repassou secretamente a Fidel Castro as provas da intervenção armada de Cuba no Brasil. Provas? Leia os verbetes abaixo, que constarão de meu livro A Língua de Pau - Uma história da intolerância e da desinformação.

Coleção História Nova - Para a formação do “homem novo”, a história também deve ser nova. A Coleção de Pau (de langue de bois - língua de pau) surgiu durante o Governo João Goulart, na “Campanha de assistência ao estudante”, do MEC, em que os livros tradicionais de História foram reformulados, os fatos interpretados sob a ótica marxista. O MEC editou também a cartilha “Viver é lutar”, reconhecida pela Conferência Nacional dos Bispos, para a alfabetização rural - ou melhor, alfabetização marxista. A rádio Ministério da Educação (Rádio da Verdade) era utilizada para propaganda comunista. Nada mais que o Pravda (“Verdade”) em ação.

Contrarrevolução de 1964 - Após a anarquia promovida no Brasil pelo Governo João Goulart (“Jango”), no dia 31/3/1964, sob a exigência dos jornais e a aclamação da população brasileira, é desencadeada a “Revolução de 31 de Março”, apelidada pelos opositores como “golpe militar”, mas que foi na verdade uma Contrarrevolução, por suspender o processo revolucionário em andamento no País. Antecedentes: Quando Jânio Quadros renunciou à presidência, “Jango” estava em viagem à China comunista, acompanhado de “líderes trabalhistas, convocados para observação e estudo das comunas populares daquele país” (AUGUSTO, 2001: 70).

Na China, “Jango” fez “um pronunciamento radical, em que revelou sua intenção de estabelecer também no Brasil uma república popular, acrescentando que, para tanto, seria necessário contar com as praças para esmagar o quadro de oficiais reacionários” (idem, pg. 71) - prenúncio da Revolta dos Marinheiros, no Rio de Janeiro, e da Revolta dos Sargentos, em Brasília. Em janeiro de 1964, Luiz Carlos Prestes viajou a Moscou para prestar contas dos últimos trabalhos do PCB, desenvolvidos à luz da estratégia traçada por ele e Kruschev em novembro de 1961. Nesse encontro, participaram, além de Kruschev, Mikhail Suslov (ideólogo de Kruschev), Leonid Brejnev (Secretário do Comitê Central do Partido), Iuri Andropov e Boris Ponomariov (Chefe do Departamento de Relações Internacionais).

Naquela ocasião, Prestes afirmou:

A escalada pacífica dos comunistas no Brasil para o poder abrindo a possibilidade de um novo caminho para a América Latina. (...) oficiais nacionalistas e comunistas dispostos a garantir pela força, se necessário, um governo nacionalista e antiimperialista. Implantaremos um capitalismo de Estado, nacional e progressista, que será a antessala do socialismo. (...) ... uma vez a cavaleiro do aparelho do estado, converter rapidamente, a exemplo de Cuba de Fidel, ou do Egito de Nasser, a revolução nacional-democrática em socialista (idem, pg. 121-2).

Segundo Luís Mir, em A Revolução Impossível, “a exemplo de 1935, a revolução deveria começar novamente, pelos quartéis” (cit. pg. 122). “É crime lembrar que a direita civil armada, pronta e ansiosa para matar comunistas desde 1963, foi pega de surpresa pelo golpe militar e inteiramente desmantelada pelo novo governo, de modo que, se algum comunista chegou vivo ao fim do ano de 1964, ele deveu isso exclusivamente às forças armadas que agora amaldiçoa” (Olavo de Carvalho, in A História, essa criminosa).
Olavo se refere às forças paramilitares formadas, principalmente, pelos governadores Carlos Lacerda, da Guanabara, e de Adhemar de Barros, de São Paulo, que pretendiam trucidar os comunistas. “O regime militar fez várias reformas. Obteve êxito. O papel do Estado na economia foi ampliado numa escala nunca vista. Qualquer setor onde havia alguma dificuldade econômica, a saída encontrada era a criação de uma empresa estatal. E foram surgindo às pencas. O país melhorou a infraestrutura, desenvolveu novos setores produtivos e se integrou à economia mundial diversificando sua pauta de exportações” (Marco Antonio Villa, in “Eles não conseguem desenhar o futuro”, O Globo, 28/6/2011). “Os militares parecem haver sofrido, desde o começo, de uma espécie de ‘má consciência’. O sentimento acabou por dividi-los e provocar hesitações nefastas à administração. Ao princípio, um embaixador inglês, Sir Geoffrey Wallinger, ainda podia comparar os militares de Castello Branco aos puritanos de Cromwell, fanaticamente convencidos de sua missão de limpar a corrupção que contaminava o país. Mas as hesitações e as contramarchas entre ‘linha dura’ e ‘legalistas’ acabou comprometendo o projeto e o próprio bom senso” (PENNA, 1994: 163).

Não há provas de que os Estados Unidos instigaram, planejaram, dirigiram ou participaram da execução do golpe de 1964. Cada uma dessas funções parece ter competido a Castelo Branco e seus companheiros de farda. Ao mesmo tempo, há sugestivas evidências de que os Estados Unidos aprovaram e apoiaram a deposição de Goulart quase que desde o princípio. Os Estados Unidos reforçaram o seu apoio ao elaborar planos militares preventivos que poderiam ter sido úteis para os conspiradores, se houvesse a necessidade” (PARKER, 1977: 128). Leia Projeto História Oral do Exército na Revolução de 1964 - (http://www.rberga.kit.net/hp64/hp64_9/adalto.html).

Folhetos cubanos - Eram disseminados no Brasil pelo Movimento de Educação Popular (MEP), durante o Governo de João Goulart, e serviam de inspiração às Ligas Camponesas, de Francisco Julião, e aos Grupos dos Onze (G-11), de Leonel Brizola. Desde 1961, os comunistas passaram a comprar várias fazendas em Pernambuco, Bahia, Acre, Goiás e Minas, para servirem de centros de guerrilha. Isso prova que o idioma de pau cubano (o comunismo), de inspiração soviética, tentou se estabelecer no Brasil antes da Contrarrevolução de 1964.

Foquismo - Teoria revolucionária de pau, em que a revolução marxista seria iniciada em pequenos núcleos (focos), para começar a guerrilha rural, com o objetivo de dominar a nação. O foquismo foi sistematizado pelo revolucionário comunista francês Jules Debray, e defendida por Fidel Castro e Che Guevara. O PC do B tentou colocar em prática essa teoria na região do Araguaia.

“O treinamento a brasileiros em Cuba continua até os dias atuais, embora somente no terreno político-ideológico, na Escola Superior Nico Lopez, do PC cubano, Escola Sindical Lázaro Peña, Escola de Periodismo José Martí, Escola da Federação de Mulheres Cubanas, Escola da Federação Democrática Internacional de Mulheres e Escola Nacional Julio Antonio Mella, da União da Juventude Comunista. Por essas escolas já passaram mais de 100 brasileiros. Todavia, o mais importante em tudo isso, é que a ida de qualquer brasileiro para fazer cursos em Cuba depende do aval do Partido Comunista Cubano, após entendimentos anteriores, de partido para partido. Atualmente, existem diversos brasileiros, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra vêm recebendo, em Havana, treinamento em técnicas agrícolas, e outros matriculados na Faculdade Latino-Americana de Ciências Médicas. O site do Partido dos Trabalhadores oferece vagas e publica as condições definidas por Cuba para matrícula nessa Faculdade” (Huascar Terra do Valle, in “Histórias quase esquecidas”, site Mídia Sem Máscara, 10/2/2003).


Frente Única
- Idealizada pelo ex-ministro San Thiago Dantas, desejava unir todas as esquerdas em uma “Frente Única” (1963), para dar suporte consistente ao Governo João Goulart e suas “Reformas de Base”. Os partidos comunistas e o exibicionismo de Brizola impediram a formação dessa Frente. A “Frente Popular” de Jango, com o PCB e as organizações dominadas pelo “Partidão”, foi o que sobrou da pretensa “Frente Única”. A expressão de pau “Frente Única”, pelo menos, serviu de inspiração para a moda da década de 1960, sendo uma peça feminina bastante sexy - ao mesmo tempo em que debutavam as chinelas havaianas e a camisa “ban-lon”, também conhecida como camisa “volta ao mundo”.

G-11 - Grupo dos Onze, ou Grupo dos Onze Companheiros: “comandos nacionalistas”, que foram formados em todo o Brasil em 1963, a mando do ex-governador gaúcho Leonel Brizola. Os G-11 seriam o embrião do Exército Popular de Libertação (EPL). Um documento do grupo afirmava que os G-11 seriam a “vanguarda do movimento revolucionário, a exemplo da Guarda Vermelha da Revolução Socialista de 1917 na União Soviética”. (Prova a ignorância de Brizola, pois em 1917 havia apenas a Rússia, não a URSS.)

Quando ocorreu a Contrarrevolução de 1964, havia centenas desses grupos espalhados em todo o País e tinham como missão eliminar fisicamente todas as autoridades do Brasil - civis, militares e eclesiásticas, como se pode ler nas “Instruções secretas” do EPL e seus G-11, no item 8, “A guarda e o julgamento de prisioneiros”: “Esta é uma informação para uso somente de alguns companheiros de absoluta e máxima confiança, os reféns deverão ser sumária e imediatamente fuzilados, a fim de que não denunciem seus aprisionadores e não lutem, posteriormente, para sua condenação e destruição” (AUGUSTO, 2001: 112). Sobre os G-11, leia os documentos secretos em http://cbn.globoradio.globo.com/hotsites/grupo-dos-onze/GRUPO-DOS-ONZE.htm. Leia, de minha autoria, Brizola, o último dos maragatos, disponível na internet - http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=4886&cat=Ensaios&vinda=S.

Ligas Camponesas - As origens da organização dos camponeses datam da década de 1940, no trabalho do PCB, que estabeleceu as Ligas Camponesas. Essa atividade ressurgiu na década de 1950, em Galileia, com a criação da Sociedade Agricultural de Plantadores e Criadores de Gado de Pernambuco, assistida por um ex-membro do PCB, José dos Prazeres, e depois com a formação de sociedades de direito civis e legais, que rapidamente se espalharam por todo o Nordeste, passando a uma rede de Ligas Camponesas - como eram chamadas pelos proprietários de terras, devido à sua origem da década de 1940. Francisco Julião foi o principal líder das Ligas, com atuação, especialmente, em Pernambuco, do então Governador Miguel Arraes, onde as Ligas colocavam fogo em canaviais e depredavam fazendas. No dia 27/11/1962, na queda de um Boeing 707 da Varig, quando se preparava para pousar em Lima, Peru, estava entre os passageiros o presidente do Banco Central de Cuba, em cujo poder foram encontrados relatórios de Carlos Franklin Paixão de Araújo, filho do advogado comunista Afrânio Araújo, o responsável pela compra de armas para as Ligas Camponesas. Os relatórios detalhavam os atrasos dos preparativos para a luta no campo, acusava Francisco Julião e Clodomir Morais de corrupção e malversação de recursos recebidos. Esses documentos chegaram às mãos do governador Carlos Lacerda, da Guanabara, que fez vigorosa campanha na imprensa, denunciando a interferência cubana em nosso País.

No Brasil, antes de 1964, Cuba financiou ainda as Ligas Camponesas para comprar fazendas que serviram de campos de treinamento de guerrilha. A revista Veja", de 24/1/2001, sob o título "Qué pasa compañero?", faz uma análise centrada na tese de doutorado da pesquisadora Denise Rollemberg, da UFRJ, a qual afirma que "o primeiro auxílio de Fidel foi no Governo João Goulart, por intermédio do apoio às Ligas Camponesas, lendário movimento rural chefiado por Francisco Julião. (...) O apoio cubano concretizou-se no fornecimento de armas e dinheiro, além da compra de fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco, para funcionar como campos de treinamento”. Após a Contrarrevolução de 1964, as Ligas Camponesas, de inspiração comunista, foram dissolvidas, e Julião obteve asilo no México.

Marcha do Terço - Organizada em fevereiro de 1964, em Belo Horizonte, pelo Padre Peyton, pelo Padre Botelho e por várias organizações femininas patrocinadas pelo IPES. A Marcha condenou Leonel Brizola publicamente como anticristo; também condenou o governo de João Goulart e pediu uma intervenção militar; esse apelo foi reforçado pelo lançamento, em março de 1964, da “Marcha da família com Deus pela liberdade”, semelhante às executadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

MEB - Movimento de Educação de Base: organização criada pela Igreja Católica, financiada pelo Governo João Goulart e administrada por militantes de esquerda católica, muitos dos quais eram membros da Ação Popular (AP). Baseado nas ideias marxistas de Paulo Freire, autor do livro pauleira Pedagogia do Oprimido, o MEB funcionava através de escolas radiofônicas, sob a direção de um líder local (padre ou camponês), em contato com as Ligas Camponesas.

MEP - Movimento de Educação Popular. O MEP disseminava no Brasil, durante o desgoverno de João Goulart, folhetos cubanos sobre a técnica de guerrilhas. Esses folhetos foram utilizados pelos G-11, de Brizola, e pelas Ligas Camponesas, de Francisco Julião.

Revolução Cubana - No dia 1º de janeiro de 1959 as tropas de Fidel Castro tomam Havana. A “república socialista” cubana, porém, só foi proclamada em maio de 1961, logo após a fracassada invasão de anticastristas ocorrida na Baía dos Porcos, em Cuba, com o (falso) apoio americano. Em 1962, Cuba foi excluída da OEA e em 1964 os países membros da OEA, com exceção do México, romperam relações diplomáticas com o país, devido ao apoio cubano de focos guerrilheiros em vários países da América Latina (Guatemala, Colômbia, Venezuela). Cuba forneceu toneladas de armamento ao governo comunista de Salvador Allende. As residências oficiais de Allende eram verdadeiros paióis, descobertos após a intervenção de Pinochet, que derrubou os comunistas depois da autorização dada pela Suprema Corte, que ainda não era cooptada com Allende.

No Brasil, antes de 1964, Cuba financiou as Ligas Camponesas para comprar fazendas que serviram de campos de treinamento de guerrilha. As prisões políticas de Cuba são muitas: La Cabaña (ainda em 1982 houve 100 fuzilamentos), Boniato (a mais repressiva), Kilo 5,5, Pinar del Río, Guanajay, Guanahacabibes, Castelo do Príncipe, Ilha de Pinos, Camaguey, Holguín, Manzanillo, Sandino (1, 2 e 3). Fidel Castro mandou fuzilar entre 15 e 17 mil pessoas (10 mil só na década de 1960); em 1978, havia em Cuba 15 a 20 mil prisioneiros; em 1997, segundo a Anistia Internacional, havia entre 980 e 2.500 prisioneiros políticos. “Para uma população de apenas 6,4 milhões, Fidel e Che prenderam e executaram mais, em termos relativos, do que os nazistas, e igualmente mais, proporcionalmente, do que os comunistas” (FONTOVA, 2009: 150). A tortura cubana incluía as “ratoneras”, “gavetas”, “tostadoras”, além da tortura “merdácea” - os prisioneiros eram “aspergidos” com fezes e urina. Apesar desses crimes todos, o ditador Fidel Castro é venerado pelos “intelectuais” brasileiros como el comandante, ao passo que Augusto Pinochet, ex-presidente do Chile, não passa de um vil “ditador”, “torturador”, para os “guerrilheiros da pena”, como Emir Sader e Frei Betto. “Quando Che assumiu o Ministério das Indústrias, Cuba tinha uma renda per capita “superior à da Áustria, Japão e Espanha” (idem, pg. 214-5). Um ano depois, o anteriormente “terceiro maior consumo proteico do Ocidente estava racionando comida, fechando fábricas” (idem, pg. 215).

Comparação das rações diárias, entre os escravos (em 1842) e Cuba desde 1962: carne, frango e peixe: 230 g/55 g; arroz: 110 g/80 g; carboidratos: 470 g/180 g; feijão: 120 g/30 g (Cfr. FONTOVA, 2009: 223). Ou seja, os escravos negros se alimentavam melhor do que a população cubana sob Fidel. Só os idiotas e os patifes defendem as excelências da medicina e dos hospitais cubanos da atualidade, coisa que nunca existiu. “Em 1957, Cuba tinha, proporcionalmente, mais médicos e dentistas do que os EUA ou a Grã-Bretanha. Em 1958, tinha a menor taxa de mortalidade infantil da América Latina e a 13ª. do mundo, estando à frente de França, Bélgica, Alemanha Ocidental, Israel, Japão, Áustria, Itália e Espanha. Hoje, pelas cifras oficiais, tem a 25ª. menor taxa – piorou sob o fidelismo. O que, hoje, reduz a mortalidade infantil é a taxa de 0,71 aborto por criança viva nascida em Cuba - o primeiro lugar do Ocidente e um dos primeiros do mundo. É um verdadeiro extermínio de bebês no útero materno” (FONTOVA, 2009: 225). “Havana, que na década de cinquenta era mais rica que Roma ou Dallas, hoje parece Calcutá ou Nairóbi” (idem, pg. 230).

Os prédios tornaram-se decrépitos, à semelhança de el coma andante, e Havana, hoje, é o maior museu a céu aberto de carros velhos do mundo. Doenças erradicadas em 1958, como tuberculose, lepra e dengue, voltaram com força total em 2005. Quase 6.000 empresas norte-americanas foram pilhadas em Cuba, um valor de 2 bilhões de dólares. Nada foi indenizado, assim como os 5 bilhões da União Soviética. Evo Cocales aprendeu rapidinho com Fidel, roubando as refinarias e bens da Petrobras na Bolívia. Eusábio Peñalver ficou preso durante 30 anos. Era negro. Os guardas comunistas o chamavam de “macaco”. “Nós o tiramos das árvores e arrancamos sua cauda” (idem, pg. 238).

“Apenas 0,8 dos cargos políticos do país é ocupado por gente de cor. Em outros lugares, esta mesma situação seria chamada de Apartheid” (idem, pg. 239). “Não é que não exista comida e bens de consumo em Cuba. O problema é que hoje há duas classes de cubanos: os que possuem dólares (os turistas e o apparatchiks, ou seja, a nomenklatura cubana) e os que não possuem (o cidadão cubano comum): Como não tem nada (quer dizer, tem de tudo, nos shoppings, em dólar e a preços de Tóquio), a gente vende esferográficas, isqueiros, envelopes, qualquer miudeza” (GUTIÉRREZ, 1999: 114).

ULTAB - União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil: fundada em 1957 pelo PCB, teve suas principais bases em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Porém, obteve seu maior sucesso em Goiás, onde o movimento tomou as cidades de Trombas e Formoso, e só foi desmobilizado em 1964 pelos militares.

UNE - União Nacional dos Estudantes. Durante o 2º Congresso Nacional de Estudantes (1938), foi feita a proposta de criação da União Nacional de Estudantes (UNE), que teve sua 1ª Diretoria eleita em 1939. Inicialmente, a UNE era apolítica; entre 1940 e 1943, mobilizou a opinião pública e o Governo para participar na II Guerra Mundial contra o nazifascismo. Era tutelada pela ditadura Vargas e funcionava em sala do Ministério da Educação. A partir de 1943, começa a insurreição, com comunistas e democratas lutando contra a ditadura. A partir de 1959, aprofunda-se a marxização da UNE; nos anos 60, as organizações que dividiam as massas operárias, além da UNE, eram a JUC, o PC (que atuava através de seus diretórios estudantis), a Política Operária (POLOP) e a Quarta Internacional. Eram todos de esquerda, com dosagens diversas de ideologia marxista. O Partido de Representação Acadêmica (PRA), criado na Faculdade de Direito da USP, era considerado de Direita. Também nos anos 60, dá-se o encontro ideológico, reunindo a JUC, a Esquerda Católica e o Esquerdismo marxista.

A Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) desempenhou papel importante na agitação estudantil e no processo de marxização da Universidade. “Onde o professor é de tempo parcial, como na maioria da América Latina, a tendência dos estudantes é dar mais atenção a preocupações não acadêmicas, inclusive políticas”. (Seymor Martins Lipset, “University Students and Politics in Underdeveloped Countries”, in Minerva, Vol. III, nº 1, 1964, pg. 38-39).

No dia 28 de março de 1964, os Diretórios Acadêmicos das Faculdades Nacionais de Direito (CACO) e da Filosofia, da Universidade do Brasil, mais o de Sociologia da PUC, lançaram manifesto de apoio aos marinheiros e fuzileiros em greve na sede do Sindicato dos Metalúrgicos. No dia 31 de março, exigiram de Jango armas para a resistência contra o levante de Minas, mas tiveram que se contentar com “manifestações antigolpistas” na Cinelândia. Com a depredação da sede da UNE, o seu presidente, “apista” José Serra (Ministro da Saúde durante o Governo FHC), empossado em 1963, pediu asilo à Embaixada do Chile. “Terminava, assim, o ciclo de agitação estudantil, que depois iria se desdobrar em trágicas consequências, no terrorismo e na ilegalidade” (José Arthur Rios, in Raízes do Marxismo Universitário). O mesmo Arthur Rios é autor de famosa frase: "Pais positivistas, filhos comunistas, netos terroristas".

Na “campanha nacional de alfabetização”, no Governo Goulart, a UNE recebeu 5.000 dólares de Moscou, por intermédio da UIE. Com a ascensão do PT na Presidência da República, a UNE se tornou importante falange do “fascismo gay”, do qual recebeu mais de R$ 10 milhões no período de 2004 a 2009. Leia, de minha autoria, UNE: organização-pelego, de Getúlio a Lula, disponível na internet.


Bibliografia:

AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. A Grande Mentira. Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2001.

AZEVEDO, Reinaldo. O País dos Petralhas. Record, São Paulo, 2008.

FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che Guevara - E os idiotas úteis que o idolatram. É Realizações, São Paulo, 2009.

GUTIÉRREZ, Pedro Juan. Trilogia Suja de Havana. Companhia das Letras, São Paulo, 1999.

PENNA, José Osvaldo de Meira. A Ideologia do Século XX – Ensaios sobre o Nacional-Socialismo, o Marxismo, o Terceiro-Mundismo e a Ideologia Brasileira. Instituto Liberal e Nórdica, Rio de Janeiro, 1994.

PONTES, Ipojuca. Politicamente Corretíssimos. Topbooks, Rio de Janeiro, 2003.

KOTSCHO, Ricardo. Do golpe ao planalto: uma vida de repórter. Companhia das Letras, São Paulo, 2006.

Obs. 1 - Língua de pau - Como visto na Introdução, em sua obra Pequena História da Desinformação, Vladimir Volkoff fala sobre a “língua de pau” (langue de bois, em francês), adotada como língua oficial pelos antigos países comunistas. Friedrich Hayeck, em seu ensaio Os intelectuais e o socialismo já havia observado que vivemos em meio a uma verdadeira guerra semântica: “Uma guerra que se caracteriza por profunda confusão semântica. Rótulos tais como liberal, conservador e libertário apresentam hoje tantas definições que quase perderam todo significado. Se, por exemplo, uma pessoa não utiliza o adjetivo social em seu discurso, como na expressão justiça social, passa a ser classificada como direitista” (PENNA, 1994: 34-35).

Obs. 2 - Fascismo gay - Trata-se do fascismo brasileiro, de tempero gramscista, consolidado pelo sucessor de FHC, o gay fascism. Nesse modelo, não existe oposição e todos os setores da sociedade, inclusive empresários, estão “alegremente” cooptados com as benesses do Poder Central. “O ‘pensamento’ de Marx (e de seus seguidores) continua a causar estragos e até a apresentar-se como ‘hegemônico’, sobremodo em algumas partes da descarnada América Latina. É puro ‘non-sense’. Mas pelo menos no Brasil é inquestionável a supremacia da dogmática marxista, pois o país tornou-se o espaço vital onde milhares e milhares de militantes esquerdistas, comandados por uma máquina bem-azeitada e nutrida o mais das vezes nos fundos públicos (subtraídos a muque do bolso do trabalhador e dos empresários contribuintes), atuam sistemática e proficuamente nas cátedras, parlamentos, púlpitos, quartéis, mídias, associações civis e militares, sindicatos, prisões, palcos, telas e até nos prostíbulos, com o objetivo único e irreversível de ‘socializar’ a nação” (PONTES, 2003: 42-3). “Na medida em que crescem, de forma galopante as escorchantes tributações sobre os bens privados, do trabalhador e dos empresários, aumenta em proporção geométrica o número dos ‘excluídos’, pois uma coisa decorre da outra: é o Estado (com suas elites, suas agências, instituições e burocracia em geral) que se apropria, por força da violência legal (e da inércia ou ignorância da população), da riqueza produzida pela sociedade para usufruto diuturno de privilégios” (idem, pg. 43).

No Brasil, “os antigos militantes da luta armada trocaram as selvas e os ‘aparelhos’ urbanos pelas vias democráticas: alguns tornaram-se parlamentares, ministros, membros do governo, ecologistas, professores, comentaristas da mídia, e outros tranformaram-se simplesmente em líderes religiosos e integrantes ativos das ONGs, constituídas por vasto contingente de ‘intelectuais orgânicos’ muito bem remunerados com recursos do próprio governo e de grupos e empresas internacionais. A estratégia ‘democraticamente’ adotada para tornar o Brasil uma ‘República Popular Socialista’ é a da ‘revolução passiva’, extraída dos ‘Cadernos do Cárcere’ de Antonio Gramsci (1891-1937), um membro do Comitê Central do Partido Comunista italiano que discordava parcialmente das teses revolucionárias de Lênin e pregava a tomada do poder pela ação ‘hegemônica’ dos intelectuais infiltrados no aparelho do Estado e suas instituições” (idem, pg. 57). “O mercado não dá a menor bola para esse tipo de debate. Ele não quer saber qual é a ideologia do petismo. A sua pergunta sempre será a seguinte: o modelo rende? Rende. Então tudo está no seu devido lugar” (AZEVEDO, 2008: 138). “Somos mais governados pelo PT que não vemos do que por aquele que vemos. (...) A mina de ouro está nas diretorias e nos milhares de cargos das estatais. É aí que está alojado o PT. É por isso que eles lamentam tanto as privatizações do governo FHC. Imaginem se essa gente tivesse, por exemplo, a Telebrás nas mãos: 27 presidências regionais, mais os milhares de cargos de confiança. Mais a Vale, a CSN, a Embraer...” (AZEVEDO, 2008: 124-5). “Dezenas de jornalistas aguardavam uma definição na portaria do edifício Rocha. Por pouco não desci para dizer-lhes que não haveria mais a chapa PT-PL. Quando já ia pegar o elevador, fui chamado de volta. As negociações haviam recomeçado, agora no quarto do anfitrião. Embora sempre procurasse me manter à distância nessas horas, esperando por uma decisão para comunicá-la à imprensa, estava claro para todos que o impasse se dava na questão da ajuda financeira que o PL tinha pedido ao PT para fazer sua campanha. Somente três anos depois, quando estourou o ‘escândalo do mensalão’, eu ficaria sabendo que o valor solicitado era de 10 milhões de reais. No início da noite, os dirigentes dos dois partidos anunciaram que a aliança estava selada, como queriam Lula e Alencar” (KOTSCHO, 2006: 223).

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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tributo à vadiagem

Escrito por Klauber Cristofen Pires | 20 Agosto 2011
Artigos - Cultura

Filósofos uspianos niilistas acusam capitalismo por desapropriação da preguiça!

Não compro jornais. Para o melhor fim a que se prestam, já os obtenho na garagem do prédio onde moro, gratuitamente. É só ir lá e pegar um pouco da pilha. Refiro-me obviamente ao papel, muito útil para forrar o wc da cachorrinha lá de casa, a "Nuvenzinha", uma linda e meiga mestiça de maltês com poodle.

Bom, caso é que nos fins de semana, devido à folga da doméstica, sobra-me o encargo pelo zelo de sua higiene (eis aí um clássico exemplo de auto-engano: o dos pais que obtêm dos filhos a promessa solene de que cuidarão integralmente dos seus bichos como pré-condição para ganhá-los), momento em que cato algumas folhas, estendo-as sobre o tabladinho e oras, de vez e quando leio alguma bobagem, só para ter o prazer de espezinhá-la aqui.

Numa destas ocasiões li a manchete intitulada "Intelectuais discutem importância do ócio", que trata de um ciclo de conferências organizado pelo filósofo Adauto Novaes sob o sublime nome de "Elogio à Preguiça", cujos seminários estão sendo realizados no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, São Paulo e Brasília, de 11 de agosto a 6 de outubro de 2011. Entre os seus palestrantes constam os nomes de Marilena Chauí, José Miguel Wisnik, Maria Rita Kehl, Francisco Bosco e Guilherme Wisnik.

O eixo central da tese, como não poderia deixar de ser a um grupo de intelectuais uspianos, é o de que o capitalismo "desapropriou" o tempo livre dos indivíduos. Segundo Novaes: "O que houve foi uma apropriação brutal do tempo dos indivíduos pelo capitalismo contemporâneo”, e denuncia: "Por outro lado, uma das formas eficazes de controle seria estigmatizar a palavra. O preguiçoso torna-se um pária".

A Paralaxe Cognitiva
Um dos fenômenos mais curiosos presentes no pensamento dos intelectuais modernos, segundo o filósofo Olavo de Carvalho, é o da "paralaxe cognitiva". Sinceramente, o termo "fenômeno" aí carrega uma acepção eufemista. Na verdade, é a foto que mostra o rabo do gato escondido, ou, para melhor compreensão, é o flagrante do vício do dito pensador em enunciar uma tese desconsiderando inteiramente sua própria posição no conjunto-universo que descreve.

Eis aí um exemplo concreto: intelectuais sustentados pelo estado reclamando da falta de tempo para pensar porque alegam que este foi "desapropriado" pelo capitalismo moderno! Ora bolas, e o que dizer deles próprios? Em que mundo vive o Sr. Novaes e seus colegas de Campinas? Se o Brasil conta hoje com uma instituição indolente por excelência, podem apostar, é o sistema universitário. Citando apenas parcialmente Lavoisier: lá, "nada se cria, nada se forma" (só!). São nestas instituições onde ocorre o maior índice de acidentes com queimaduras no planeta! Sim, por atrito das mãos sobre os genitais...

Ócio é o mesmo que Preguiça?
Para o Sr Novaes, o domínio do tempo é uma forma de dominação inventada pelo capitalismo: "Transformar a ociosidade em pecado, ou estigma social, é uma forma de culpar os que ousam dispor do seu tempo livre. Não passa de uma estratégia de dominação".

Se levarmos em conta a mais absoluta inércia prevalecente no ambiente acadêmico nacional, então podemos em tom alto e orgulhoso proclamar: " - Te cuida, Vale do Silício!" Os intelectuais da USP estão chegando..."

Vejamos este trecho: “Na Grécia e Roma antigas, o ócio era nobre, e o trabalho, vil”. É verdade, mas aqui o ócio figura no sentido de tempo livre de afazeres braçais para a meditação e o debate filosóficos. Pitágoras não formulou seu teorema deitado numa rede bebendo água de coco, mas sim com base em muito estudo e observação, enfim, o que fazem todos os cientistas e verdadeiros intelectuais.

E quanto ao capitalismo?
Como resolver o problema deste esquema de dominação que desapropria o tempo das pessoas?

Primeiramente, é de se perguntar em que período da história meros cidadãos tiveram à sua disposição os fins de semana, os feriados, as férias e as aposentadorias à sua disposição, todas estas parcelas de tempo remuneradas.

Da mesma forma, conviria buscarmos, igualmente, em que sistema produtivo houve tanta oferta de bares, restaurantes, shopping-centers, parques de diversões, cinemas, teatros, equipamentos eletrônicos de entretenimento, danceterias, boites, spas, hotéis, pousadas, transatlânticos, resorts, retiros, e tudo o mais que ofereça o melhor para desfrutarmos o nosso tempo.

Conclusão
Desacreditar o capitalismo vivendo de turismo remunerado nele é tão bom quanto desfrutar das primícias dos países socialistas quanto ao uso do tempo. Talvez os nossos filósofos uspianos estejam muito necessitados de uma temporada em algum Gulag ou Laogai para desestressar um pouco. Afinal, ninguém é de ferro.

De acordo com o que há de mais arrojado na escola uspiana, como podemos notar, jaz a consagração do "Mito do Jeca Tatu". Com efeito, pode haver filosofia mais enlevante do que a consagrada pelo caipira cagando no mato a contemplar as galinhas ciscando enquanto saboreia uma palhinha? Donde provém a famosa sentença: "- êta vidinha besta, sô".

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Quando o Ministério Público censura a autoridade de Deus

Mais do que rasgar a Constituição Brasileira, a Defensoria Pública quer destruir uma tradição de mais de dois mil anos, censurando as idéias e valores que constituíram a civilização ocidental.

Alguém já me chamou de fascista, homofóbico, tradicionalista, conservador, reacionário, defensor das oligarquias e outras asnices típicas da verborragia esquerdista. Há no imaginário dos ditos “progressistas” a perspectiva de que os conservadores são cegamente obedientes à autoridade. A esquerda, naturalmente, vende a idéia de que é “avançada”, “rebelde”, questionadora da ordem vigente. No entanto, confesso, tenho uma profunda desconfiança da autoridade constituída. Desconfio dos políticos, dos professores, dos acadêmicos, dos jornalistas, dos cientistas, dos formadores de opinião, dos intelectuais e, também, da autoridade eclesiástica, vide padres e pastores. Até do papa desconfio, apesar de crer na fé católica.

Mas a minha desconfiança não é completamente anárquica. Ela é, na prática, reflexo de um profundo sentido de ordem. A autoridade deve ser respeitada quando ela encarna princípios autênticos, senso de moralidade, ou, como diziam os medievais, auctoritas, ou seja, confiabilidade. Essa confiabilidade só existe se a autoridade cumpre o papel de fazer valer esses valores autênticos, transcendentes. A única autoridade absoluta é Deus. Ele é o fundamento primaz da lei moral, natural e civil. O sentido absoluto de ordem na natureza e nas relações humanas. E a autoridade pública só se faz respeitável se souber respeitar esses elementos que estão incluídos numa lei moral e natural. Tudo aquilo que fere o que é inerente à natureza do homem é contrário à lei natural e contrário ao sentido da realidade mesma em que as relações humanas e o homem se comportam. É neste sentido a autoridade tem razão de ser.

Porém, ao que parece, as autoridades públicas querem bancar uma espécie de Deus. Querem remodelar a sociedade contra a sua própria natureza, criando relações de poder e instituições biônicas e artificiais, sem o menor vínculo orgânico com a sociedade, além de francamente destrutivas. Neste aspecto, o Ministério Público e a Defensoria Pública estão cumprindo seu papel de substituir Deus na terra. O promotor público já não é mais o pai dos órfãos e o esposo das viúvas. Nem o defensor público é um protetor dos direitos civis dos cidadãos. Eles personificam sim, uma espécie de deusinho de barro presunçoso, querendo moldar comportamentos, idéias, costumes e instituições à sua imagem e semelhança. Em suma, Ministério Público e Defensoria Pública se tornaram, com a colaboração de um judiciário ativista, um instrumento de engenharia social.

Dois exemplos são claros nessa flagrante violação dos direitos constitucionais. Uma delas diz respeito a Julio Severo, o evangélico exilado em uma sociedade que ainda diz ser “democrática”. Qual foi seu crime, a ponto de ser processado pelo Ministério Público Federal? O particular crime de pregar o Evangelho. Os procuradores ainda inventaram uma tipificação penal que nem existe: o crime de homofobia. Se o Evangelho é “homofóbico”, logo, deve-se censurar quem prega a Palavra de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. E o que se deve colocar no seu devido lugar? A agendinha homossexual na esfera da justiça e dos valores morais.

Todavia, a pretensão arrogante de um ativismo judicial cada vez mais corrompido por agendinhas totalitárias não se limita a ameaçar de prisão um religioso. Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a defensoria pública entrou com uma ação na justiça para exigir a retirada de alguns versículos bíblicos em outdoors, que condenavam o homossexualismo. Ou seja, o Ministério Público e a Defensoria Pública, em nome do combate aos preconceitos, estão rasgando a Constituição Brasileira e destruindo a liberdade religiosa. Inclusive, a ordem judicial aplicou multa diária de 10 mil reais se a igreja evangélica que divulgou os cartazes não os retirasse.

Mais do que rasgar a Constituição Brasileira, a Defensoria Pública quer destruir uma tradição de mais de dois mil anos, censurando as idéias e valores que constituíram a civilização ocidental. A prepotência, arrogância, mesclada com uma ignorância histórica abissal dessa tradição religiosa faz com que meros técnicos, senhoritos arrogantes, arautos de um funcionalismo público senil e de uma universidade cada vez mais marxista, queiram ditar o que nós, cidadãos, devemos pensar, crer ou defender. A perseguição religiosa no Brasil está crescendo a olhos vistos, com a colaboração do governo e das instituições públicas ditas “democráticas”.

De fato, o alerta de militante evangélico Julio Severo foi ignorado até pelos seus pares. Mais do que censurar a fé cristã publicamente, os áulicos da justiça querem censurar a autoridade de Deus. Os ateus e gays militantes não dizem que Deus é homofóbico? Cadeia pra Ele e para seus seguidores. Entretanto, eles não estão sós. A mídia, a universidade e a imprensa estão do lado dos algozes do cristianismo. Eles já expulsam um evangélico através de perseguições judiciais visivelmente ilegais e criminosas, sem parâmetro algum na Constituição e mesmo na lei ordinária. Eles protegem e estimulam os ataques à fé cristã, quando o governo libera milhões de reais de contribuintes cristãos, para praticarem “beijaços” homossexuais na frente das igrejas e catedrais. E agora querem censurar a bíblia. Não irá longe quando a Polícia Federal, transformada numa Gestapo ou KGB soviétic,a confiscar milhões de bíblias de livrarias cristãs, em nome de combater a tal “homofobia”, palavrinha inventada pelos fanáticos anticristãos. Tenho a absoluta certeza de que se os católicos e evangélicos se acovardarem, ao ficarem negociando com seus algozes, é isto que vai ocorrer. Esse é o posicionamento ridículo dos bispos da CNBB, dos calvinistas da Universidade Mackenzie e mesmo de uma revista evangélica politicamente correta e ridícula como a revista Genizah.

Iniciei esse texto falando da minha total desconfiança e sentimento profundo de desprezo pela autoridade. Já é hora de os cristãos apelarem à desobediência civil. Essa gentinha ralé, vigarista, desonesta e canalha do Ministério Público e da Defensoria Pública, que faz do Estado um instrumento partidário e ideológico de sua causa, acima e contra a lei, não deve ser respeitada. Deve ser denunciada, combatida, exposta à execração pública e desmoralizada. Só pessoas muito ingênuas ou muito relapsas ainda não percebem que a intenção maior de alguns membros do Ministério Público e da Defensoria é simplesmente atacar e destruir o cristianismo. Esses celerados jurídicos devem ser tolhidos, em nome da defesa da democracia, da liberdade civil e religiosa, que hoje é ameaçada pelo totalitarismo esquerdista politicamente correto que assola às nossas leis e à nossa justiça. A autoridade que não provém de Deus e dos valores eternos da Revelação é do Direito natural é perversa. Daí o judiciário agora querer calar a boca de Deus. Quer revogar a lei de Deus na terra.

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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Parada Gay: respeitar e ser respeitado

Por cardeal Odilo Scherer

SÃO PAULO, sexta-feira, 1º de julho de 2011 (ZENIT.org) - Eu não queria escrever sobre esse assunto; mas diante das provocações e ofensas ostensivas à comunidade católica e cristã, durante a Parada Gay deste último domingo, não posso deixar de me manifestar em defesa das pessoas que tiveram seus sentimentos e convicções religiosas, seus símbolos e convicções de fé ultrajados.

Ficamos entristecidos quando vemos usados com deboche imagens de santos, deliberadamente associados a práticas que a moral cristã desaprova e que os próprios santos desaprovariam também. Histórias romanceadas ou fantasias criadas para fazer filmes sobre santos e personalidades que honraram a fé cristã não podem servir de base para associá-los a práticas alheias ao seu testemunho de vida. São Sebastião foi um mártir dos inícios do Cristianismo; a tela produzida por um artista cerca de 15 séculos após a vida do santo, não pode ser usada para passar uma suposta identidade homossexual do corajoso mártir. Por que não falar, antes, que ele preferiu heroicamente sofrer as torturas e a morte a ultrajar o bom nome e a dignidade de cristão e filho de Deus?!

“Nem santo salva do vírus da AIDS”. Pois é verdade. O que pode salvar mesmo é uma vida sexual regrada e digna. É o que a Igreja defende e convida todos a fazer. O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma ofensa aos próprios santos, que viveram dignamente; e ofende também os sentimentos religiosos do povo. Ninguém gosta de ver vilipendiados os símbolos e imagens de sua fé e seus sentimentos e convicções religiosas. Da mesma forma, também é lamentável o uso desrespeitoso da Sagrada Escritura e das palavras de Jesus – “amai-vos uns aos outros” – como se ele justificasse, aprovasse e incentivasse qualquer forma de “amor”; o “mandamento novo” foi instrumentalizado para justificar práticas contrárias ao ensinamento do próprio Jesus.

A Igreja católica refuta a acusação de “homofóbica”. Investiguem-se os fatos de violência contra homossexuais, para ver se estão relacionados com grupos religiosos católicos. A Igreja Católica desaprova a violência contra quem quer que seja; não apoia, não incentiva e não justifica a violência contra homossexuais. E na história da luta contra o vírus HIV, a Igreja foi pioneira no acolhimento e tratamento de soro-positivos, sem questionar suas opções sexuais; muitos deles são homossexuais e todos são acolhidos com profundo respeito. Grande parte das estruturas de tratamento de aidéticos está ligada à Igreja. Mas ela ensina e defende que a melhor forma de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis é uma vida sexual regrada e digna.

Quem apela para a Constituição Nacional para afirmar e defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o respeito aos direitos dos outros, aos seus símbolos e organizações religiosas. Quem luta por reconhecimento e respeito, deve aprender a respeitar. Como cristãos, respeitamos a livre manifestação de quem pensa diversamente de nós. Mas o respeito às nossas convicções de fé e moral, às organizações religiosas, símbolos e textos sagrados, é a contrapartida que se requer.

A Igreja Católica tem suas convicções e fala delas abertamente, usando do direito de liberdade de pensamento e de expressão. Embora respeitando as pessoas homossexuais e procurando acolhê-las e tratá-las com respeito, compreensão e caridade, ela afirma que as práticas homossexuais vão contra a natureza; essa não errou ao moldar o ser humano como homem e mulher. Afirma ainda que a sexualidade não depende de “opção”, mas é um fato de natureza e dom de Deus, com um significado próprio, que precisa ser reconhecido, acolhido e vivido coerentemente pelo homem e pela mulher.

Causa preocupação a crescente ambiguidade e confusão em relação à identidade sexual, que vai tomando conta da cultura. Antes de ser um problema moral, é um problema antropológico, que merece uma séria reflexão, em vez de um tratamento superficial e debochado, sob a pressão de organizações interessadas em impor a todos um determinado pensamento sobre a identidade do ser humano. Mais do que nunca, hoje todos concordam que o desrespeito às leis da natureza biológica dos seres introduz neles a desordem e o descontrole nos ecossistemas; produz doenças e desastres ambientais e compromete o futuro e a sustentabilidade da vida. Ora, não seria o caso de fazer semelhante raciocínio, quando se trata das leis inerentes à natureza e à identidade do ser humano? Ignorar e desrespeitar o significado profundo da condição humana não terá consequências? Será sustentável para o futuro da civilização e da humanidade?

As ofensas dirigidas não só à Igreja Católica, mas a tantos outros grupos cristãos e tradições religiosas não são construtivas e não fazem bem aos próprios homossexuais, criando condições para aumentar o fosso da incompreensão e do preconceito contra eles. E não é isso que a Igreja Católica deseja para eles, pois também os ama e tem uma boa nova para eles; e são filhos muito amados pelo Pai do céu, que os chama a viver com dignidade e em paz consigo mesmos e com os outros.

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 28.06.2011

Card. Odilo P. Scherer - Arcebispo de São Paulo

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sábado, 18 de junho de 2011

A ciência e o declínio das Artes Liberais

PATRICK J. DENEEN | 01 JANEIRO 2011
Ser livre - liberal - era em si uma arte, algo que se aprendia não por natureza ou instinto, mas por refinamento e educação. No centro das Artes Liberais estavam as Humanidades, a educação de como ser um ser humano.

O estado escandaloso da universidade moderna pode ser atribuído a várias deturpações que penetraram fundo nas disciplinas de Humanidades. A universidade já foi o local exato das Humanidades: educação sobre os grandes livros; hoje, é mais provável encontrar lá doutrinação em Multiculturalismo, Estudos da Deficiência, Estudos Gays, Estudos Pós-Coloniais, um monte de categorias de raça, gênero e classe. As Humanidades atualmente parecem estar se desvanecendo em presença e poder na moderna universidade, em grande parte por causa de sua irrelevância solipsística, que previsivelmente aumentou o desinteresse dos alunos por elas.

Embora os críticos do sequestro das Humanidades possam estar inclinados a ver sua nova irrelevância como um motivo para comemorar, ela deveria ser uma profunda fonte de preocupação e o estímulo para esforços renovados em insistir em seu lugar central nas Artes Liberais, corretamente entendidas. Entretanto, para recuperar o lugar de direito das Humanidades, é necessário primeiro diagnosticar as origens de sua decadência. Estas origens precisam ser vistas em um quadro amplo, não começando simplesmente no clima liberacionista dos anos 60, mas tendo um pedigree que remonta a séculos, ao invés de décadas. A crise das Humanidades na verdade começou no início da Idade Moderna, com a idéia de que uma nova ciência era necessária para substituir a "velha ciência" das Artes Liberais, uma nova ciência que não buscasse mais simplesmente entender o mundo e suas criaturas, mas transformá-las. Este impulso deu origem, primeiro, a uma revolução científica na teoria e, por fim, a uma revolução científica, industrial e tecnológica, na prática. E o mais importante: ela viabilizou teorias de racionalização e padronização de método, ao mesmo tempo em que rejeitava as pretensões mais antigas da tradição e da cultura, do culto e do credo, do mito e da ficção. Ela deu origem à prosperidade, oportunidade, abertura, descoberta e tecnologia sem precedentes - contribuindo grandemente para o que Francis Bacon chamou de "o alívio da condição do homem." Mas, ao mesmo tempo, ao suprimir as Humanidades, ela tornou a humanidade cada vez mais sujeita a um tipo de hubris incontrolável. Infelizmente, a ciência moderna aspira a transcender o domínio da natureza rumo ao domínio da natureza humana, a última fronteira para seu domínio. A supressão das Humanidades levou inevitavelmente a um desdém gnóstico pelo humano.


Uma diferente concepção de conhecimento se encontrava anteriormente no coração da educação liberal. Ela era pré-moderna em suas origens, e era principalmente religiosa, cultural; sua autoridade emanando das tradições de fé e práticas culturais que uma geração buscava passar para a próxima. Ela ainda existe em muitos campi como um palimpsesto que um olho atento ainda consegue ler - os prédios góticos; os títulos de "professor," "deão," "reitor"; as becas flutuantes, vestidas uma ou duas vezes por ano em ocasiões cerimoniais - estas e outras presenças e práticas remanescentes são fragmentos de uma tradição mais velha, ainda bem viva na maioria dos campus universitários, mas lembretes, entretanto, do que um dia já foi o espírito animador destas instituições.

Durante séculos, as disciplinas humanísticas estiveram no coração da universidade; embora as ciências fossem parte integral da educação original nas Artes Liberais, estas últimas, sim, eram consideradas a principal via rumo a um entendimento da ordem natural e criada da qual a humanidade era a corôa. Reconhecendo o homem como o objeto mais merecedor de estudo, mas, pela mesma razão, o mais desafiador, esta tradição mais velha procurava adotar uma ética de humildade: buscar entender ao mesmo tempo em que admite a insuficiência da capacidade humana para algum dia entender completamente.

"A ciência mais velha" reconhecia que uma característica única do homem era sua capacidade para a liberdade: não movido pelo simples instinto, o homem era singular entre as criaturas por sua habilidade em escolher, em dirigir e ordenar conscientemente sua vida. Esta liberdade, como entendida pelos antigos e pelas religiões bíblicas, estava sujeita a mal-uso e excesso: algumas das histórias mais velhas de nossa tradição, inclusive a história da queda do Éden, falavam da propensão humana a usar mal a liberdade. Entender a nós mesmos era entender como usar bem nossa liberdade e especialmente como controlar apetites que pareciam insaciáveis. As Artes Liberais reconheciam que a submissão a estes apetites sem limites resultaria na perda de nossa liberdade e refletiriam nossa escravização ao desejo. Elas buscavam encorajar aquela tarefa difícil de negociar o que era permitido e o que era proibido, o que constituía o mais alto e melhor uso de nossa liberdade e quais de nossas ações eram hubrísticas, imorais, erradas. Ser livre - liberal - era em si uma arte, algo que se aprendia não por natureza ou instinto, mas por refinamento e educação. No centro das Artes Liberais estavam as Humanidades, a educação de como ser um ser humano. Cada nova geração era encorajada a consultar as grandes obras de nossa tradição, os vastos poemas épicos, as tragédias e comédias clássicas, as reflexões dos filósofos e teólogos, a Palavra revelada de Deus, os livros incontáveis que buscaram nos ensinar o que era ser um humano - sobretudo, como usar bem nossa liberdade.

A Ascensão da Multiversidade
No século XIX, as instituições americanas de ensino superior começaram a emular as universidades alemãs, dividindo-se em disciplinas especializadas e enfatizando a especialização e a descoberta de novos conhecimentos. As bases religiosas da universidade se dissolveram, a visão abrangente que a religião tinha oferecido não era mais um guia. O que tinha sido o princípio organizador para os esforços da universidade - a tradição da qual a faculdade recebia sua vocação - foi sistematicamente desmontada. Na parte central do século XX, uma ênfase renovada no treino científico e na inovação tecnológica - estimulados por investimentos maciços do governo nas "artes e ciências úteis" - reorientaram ainda mais muitas das prioridades do sistema universitário.

Quando os críticos conservadores de nossas universidades lamentam hoje o declínio da educação liberal, eles deploram sua substituição por uma agenda politizada tendente à esquerda. Mas a verdade mais profunda é que a educação liberal foi mais fundamentalmente substituída por uma educação científica fortalecida pelas demandas da competição global. Embora os conservadores talvez quisessem dividir a culpa com aquelas faculdades cada vez mais irrelevantes cujo pós-modernismo tinha se tornado uma forma de ortodoxia institucional antiquada, a verdade é que a ascensão deste tipo de faculdade foi uma resposta a condições que já estavam tornando a educação liberal irrelevante, um esforço auto-destrutuvo para tornar as Humanidades "atuais." Estes supostos radicais - na maior parte ex-filhos burgueses dos anos 60 - não eram agentes de libertação, mas antes, sintomas do negligenciamento das Artes Liberais no amanhecer de uma nova era de ciência reforçada por competição global.

Declarando a idéia da universidade estar se tornando um arcaísmo, o reitor da Universidade da Califórnia, Clark Kerr, saudou, em suas Palestras de Godkin, de 1963 (mais tarde expandidas e publicadas como o imensamente influente As Utilidades da Universidade), a ascensão de um novo sistema, a Multiversidade, uma entidade "central na industrialização posterior da nação, para aumentos espetaculares na produtividade com a riqueza subsequente, para a extensão substancial da vida humana e para a supremacia militar e científica mundiais." Os incentivos e motivações da faculdade seriam cada vez mais adequados ao novo imperativo científico de criar conhecimento novo: a instrução na faculdade enfatizaria a criação de trabalho original, e a cátedra seria alcançada através da publicação de um corpus de tal trabalho e a aprovação de especialistas avançados da área. Nascia um mercado de contratação e recrutamento universitários.

A Universidade deveria ser reestruturada para incentivar a motivação e o progresso. Os reformadores educacionais seguiram a liderança de John Dewey, ao lutar para substituir a "leitura de livros" com a ação. Entendeu-se que o passado oferecia pouca orientação em um mundo orientado em direção ao progresso futuro. Dewey sustentou que

isto que se ensina [hoje] é considerado essencialmente estático: É ensinado como um produto acabado, com pouca relação seja com os modos como foi construído ou com as mudanças que certamente ocorrerão no futuro. É, em grande medida, o produto cultural de sociedades que supuseram que o futuro seria bastante parecido com o passado, e é usado, entretanto, como alimento educacional em uma sociedade onde a mudança é a regra, não a exceção.

No coração da velha universidade estava a biblioteca, normalmente um belo prédio e quase sempre ocupando um lugar central no campus, a par de seu lugar central na transmissão da cultura e da tradição. Na exposição de Dewey, o lugar de preeminência era, ao invés disto, ocupado pelo laboratório. (Na verdade, John Dewey começou o Colégio Laboratório em Chicago, substituindo um currículo baseado em livros por um "aprendizado experimental".) Cursos centrais - formados originalmente pelo entendimento do que as gerações mais velhas tinham vindo a considerar necessário para a formação de seres humanos completos - foram cada vez mais substituídos ou por "requisitos de distribuição" ou nenhum requisito sequer, na crença de que os jovens alunos seriam livres para estabelecer seu curso de estudos de acordo com suas próprias luzes.

Em resposta a estas mudanças tectônicas, as Humanidades começaram a questionar seu lugar na universidade.

Os que a exerciam ainda estudavam os grandes textos, mas se o exercício permanecia o mesmo, o objetivo era cada vez menos claro. Ainda tinha sentido ensinar aos jovens os desafios instrutivos de como usar bem a liberdade, se cada vez mais o mundo científico parecia tornar aquelas lições desnecessárias? Seria possível uma abordagem baseada na cultura e na tradição continuar relevante em uma época que valoriza, acima de tudo, inovação e progresso? Como as Humanidades poderiam provar seu valor, aos olhos dos administradores e do público mais amplo?

Liberalismo e Libertação
Estas dúvidas dentro das Humanidades tornaram-se um canteiro fértil para tendências auto-destrutivas. Informados por teorias heideggerianas que davam primazia à libertação da vontade, primeiro o pós-estruturalismo, e depois o pós-modernismo criaram raízes. Estas e outras abordagens, embora aparentemente hostis às pretensões racionalistas das ciências, foram encampadas, devido à necessidade de se adaptar às reivindicações acadêmicas sendo feitas pelas ciências naturais, especialmente por conhecimento "progressista."

A faculdade podia demonstrar seu progressismo mostrando como eram retrógrados os textos; elas podiam "criar conhecimento" mostrando sua própria superioridade sobre os autores que estudavam, elas podiam exibir seu anti-tradicionalismo atacando os próprios livros que eram a base de sua disciplina. Filosofias que pregavam a "hermenêutica da desconfiança," que exultavam em expor o modo como os textos foram profundamente informados por preconceitos não igualitários, e que até questionavam a idéia de que os textos continham qualquer "ensinamento" que fosse, ofereceram às Humanidades a possibilidade de provar serem elas mesmas relevantes nos termos estabelecidos pela abordagem científica moderna. Adotando um jargão conhecido apenas por alguns "especialistas", elas podiam emular o sacerdócio científico - traindo a lei original das Humanidades de guiar os alunos através da herança cultural e dos ensinamentos dos livros clássicos. Os professores de Humanidades mostraram seu valor destruindo a coisa que estudavam.

Subjacente a esta auto-imolação estava uma aceitação do entendimento moderno da liberdade. Para as Humanidades, há muito a liberdade tinha sido entendida como uma realização da disciplina severa, uma vitória sobre o apetite e o desejo. Mas no século XX, as Humanidades adotaram o entendimento moderno e científico, que sustenta que a liberdade é constituída pela remoção dos obstáculos, pela superação dos limites, pela transformação do mundo - seja o mundo da natureza ou a natureza da própria humanidade. Assim, a educação passou a ser vista como um processo de libertação do auto-controle. A pós-modernidade procurou expor todas as formas de poder e controle, dando a entender que a condição humana ideal era a da completa liberdade - até a liberdade daquilo que um dia foi considerado humano.

E assim, no esforço de superar seus rivais científicos, as Humanidades se tornaram a mais ubiquamente liberativa das disciplinas, desafiando (embora de forma inepta) até a legitimidade do empreendimento científico. As condições naturais - tais como as inescapavelmente ligadas aos fatos biológicos da sexualidade humana - passaram a ser consideradas como "socialmente construídas," inclusive o "gênero" e a "heteronormatividade." A natureza não é mais um parâmetro em sentido algum, já que a natureza agora é manipulável. Por que aceitar qualquer um dos fatos da biologia, se estes "fatos" podem ser alterados? Se o homem tiver algum tipo de "natureza", então a única característica permanente que parecerá aceitável será a centralidade da vontade - a afirmação crua de poder por sobre quaisquer constrangimentos ou limites que poderiam limitar a ele e às possibilidades sem fim de auto-reprodução daquela.

As circunstâncias atuais apenas aceleraram a morte das Humanidades. Na ausência de defensores vigorosos de sua existência nos campi, hoje em dia, a combinação de exigências de "utilidade" e "relevância", paralelamente à realidade de orçamentos em retração, provavelmente tornarão as Humanidades uma parte ainda menor da universidade. Elas persistirão, de alguma forma, como uma vitrine de butique, um ornamento que indica respeito pela alta erudição, mas a trajetória das Humanidades continua sendo declinante.

Embora poucos professores de Humanidades agora consigam expor razões para protestos, eu prefiro pensar que as Humanidades de antigamente seriam capazes de se sair com uma argumentação poderosa contra esta tendência. O alerta seria muito simples: no fim do caminho da libertação está a escravidão. A libertação de todos os obstáculos é, no fim, ilusória, porque o apetite humano é insaciável e o mundo é limitado. Sem domínio sobre nossos desejos, nós seremos eternamente movidos por eles, nunca satisfeitos com sua posse.

A resposta da liderança de nossa nação e nossas instituições de ensino superior à recente crise econômica não é promissora, a este respeito. Ausente da tentativa de dominar a situação com ferramentas pseudo-científicas - os apelos por regulamentação, por melhor conhecimento técnico dos mercados financeiros - está uma simples porém esquecida verdade moral: Nós não podemos viver além de nossos meios.

Nas faculdades de todo o país, bancas de discussões organizadas por causa da crise econômica têm deplorado coisas como a ausência de supervisão, um regime regulatório leniente, a incompetência das entidades públicas e privadas em distribuir crédito ou desenvolver produtos financeiros complexos. Mas qual reitor ou líder de universidade admitiu que havia alguma culpabilidade da parte de sua própria instituição por falhar em educar bem seus alunos? Afinal de contas, foram os melhores universitários das instituições de elite da nação que ocupavam as posições de prestígio nas instituições financeiras e políticas de todo o país e que ajudaram a precipitar esta crise. Nossas universidades tomam crédito prontamente por seus estudiosos de Rhodes e vencedores do prêmio Fulbright. E aqueles universitários que ajudaram a cultivar um ambiente de ganância e golpes para enriquecimento rápido? Será que temos tanta certeza assim de que eles não aprenderam perfeitamente bem as lições que receberam na faculdade?

Para Recuperar a Educação Liberal
Se quisermos evitar os excessos da modernidade - o achatamento do espírito, uma ética do consumo, a dilapidação dos recursos do mundo - nós devemos tentar restaurar as Artes Liberais. Embora tenha restado uma grande miscelânea deFaculdades de Artes Liberais, a maioria das instituições de Artes Liberais se baseou profundamente nos pressupostos da perspectiva científica. A contratação e a promoção são feitas cada vez mais de acordo com as exigências da produtividade de pesquisa. Os departamentos e as faculdades de Artes Liberais operam à sombra das principais instituições de pesquisa, nas quais as prioridades aparentemente científicas dominam - e então elas internalizaram estas prioridades, mesmo que não se adequem bem ao cenário das Artes Liberais. O resultado é que muitas destas instituições aspiram incoerentemente ao status de elite macaqueando as universidades de pesquisa.

Entretanto, seu reestabelecimeno não está totalmente fora do alcance. Quando consideramos a história das Artes Liberais, reconhecemos corretamente uma variedade de instituições diferentes, a maioria com filiação religiosa (ao menos passada). A maioria foi formada tendo alguma relação com as comunidades nas quais foram construídas - fosse por suas tradições religiosas, pela a atenção dada aos tipos de perspectivas profissionais que a economia local permitiria, por uma íntima associação com os "anciãos" da localidade, por uma forte identificação com o lugar ou por um possível corpo estudantil atraído da vizinhança. A maioria procurava uma educação liberal não para libertar seus alunos do local e do "ancestral," mas para imergi-los nas tradições de que eles vieram, aprofundando seu conhecimento das fontes de suas crenças, buscando devolvê-los a suas comunidades, onde se esperará deles que contribuam para o bem-estar cívico e a continuidade.

Até o século XX, a maior parte das instituições de Artes Liberais clássicas fundadas dentro de uma tradição religiosa exigiam não só conhecimento dos grandes textos da tradição - incluindo (e especialmente) a Bíblia - mas um comportamento correspondente que constituía um tipo de "habituação" às virtudes aprendidas em sala de aula. A frequência compulsória na capela ou na missa, regras para a interação entre alunos e alunas, atividades extra-curriculares supervisionadas por adultos e os cursos obrigatórios de filosofia moral (muitas vezes ministrados pelo diretor da respectiva faculdade) buscavam integrar as Humanidades e os estudos religiosos da sala de aula com a vida diária dos alunos.

Baseada em um entendimento clássico ou cristão da liberdade, esta forma de educação foi empreendida com vistas a enfocar nossa dependência - não nossa autonomia - e nossa necessidade de auto-controle. Como o ensaísta e agricultorWendell Berry escreveu, os limites

não são a condenação que podem parecer. Pelo contrário, eles nos devolvem a nossa real condição e nossa herança humana, da qual nossa auto-definição como animais ilimitados há muito nos amputou. Toda tradição religiosa de que tenho conhecimento, mesmo reconhecendo nossa natureza animal, nos define especificamente como humanos - ou seja, como animais (se esta palavra ainda se aplicar) capazes de viver não só dentro de limites naturais, mas também dentro de limites culturais auto-impostos. Como criaturas terrenas, nós vivemos, por necessidade, dentro de limites naturais, que podemos descrever por nomes tais como "Terra", "ecossistema". "bacia hidrográfica" ou "lugar." Mas como humanos, nós podemos escolher responder a esta localização necessária por meio dos auto-limites aos quais a sociabilidade, o bom governo, a parcimônia, a temperança, o zelo, a gentileza, a amizade, a generosidade e o amor obrigam.

Uma educação baseada em um conjunto de condições culturais partiria da natureza e operaria em concordância com ela, por meio de atividades como a agricultura, o profissionalismo, o serviço religioso, a ficção, a memória e a tradição; ela não buscaria a rendição da natureza. Ela adotaria como responsabilidade fundamental a transmissão da cultura - não sua rejeição ou transcendência. Evitaria o tipo de filosofia desenraizada recomendada por uma educação baseada num mero "pensamento crítico" e não se curvaria à trajetória intelectual exigida por nosso sistema econômico global.

Por fim, uma educação liberal restaurada não seria uma libertação do "ancestral" ou da natureza, mas uma educação sobre os limites que a cultura e a natureza nos impõe - uma educação sobre como viver de um modo que não nos tente rumo a formas prometéicas de auto-engrandecimento individual e generacional. E particularmente numa era em que nos familiarizamos cada vez mais com as consequências de viver somente no e para o presente, quando muitos de nós não conseguimos viver dentro de nossos meios -seja financeira ou ambientalmente - , nós nos beneficiaríamos com uma restauração do entendimento correto da liberdade: não como uma libertação dos limites, mas antes como uma capacidade de nos controlarmos. Este auto-controle, igualmente recomendado por tradições antigas e religiosas, torna possível uma forma de liberdade mais verdadeira - liberdade da escravidão em relação a nossos apetites e à força destruidora deles.




Patrick J. Deneen é professor adjunto de Ciências Políticas na Universidade de Georgetown, onde ocupa a Cadeira de Estudos Helenisticos Markos e Eleni Tsakopoulos-Kounalakis e é diretor-fundador do Fórum Tocqueville sobre as Raízes da Democracia Americana.

Tradução e links do blog DEXTRA.

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